sábado, 13 de junho de 2009

Um presente.

Uma trilogia de poesias sem nome.

... e confiei ao que meu desejo dizia
a sorte de me fazer sorrir
E ele, com voz doce e envolvente
foi me fazendo acreditar,
acreditar que tudo o que seus olhos me dizem é verdade
uma verdade que me inebria e me faz sonhar
Sonho ou verdade, desejo, sorte ou confiança,
o que ainda se mantém e me mantém
é o brilho dos seus olhos
e a minha teimosa esperança.
(FS 02/ 12/ 2008).


Quase sem fôlego começo a pensar
o que poderia escrever que fosse
sensivelmente sincero
ternamente saudoso,
infantilmente ingênuo,
suficientemente alegre
e amorosamente envolvente.

Me impulsiono em direção à folha
mas me faltam as palavras,
me sobram reticências
e me escapam os suspiros
pela boca ressequida e muda
que esquecera de dizer
o que era desnecessário
mas pungente e vivaz.
O que não era antes,
mas depois de cultivado
agora tem força arrebatadora
e dança velozmente por entre meus pensamentos,
sentimentos e palavras... palavras não!
Estas me faltam, fogem e flutuam
na velocidade do vento formado
nas turbulências dos meus suspiros.

As palavras sempre escoam
por entre o vácuo formado
pela falta e o vazio de você
e o tempo que se afasta
e me olha, encara e convence.

Convencer do quê?
Talvez apenas de que não importa
o quão sejam necessárias as palavras,
para que em um olhar eu me perca
e em um instante perceba
que mesmo sem saber o que seria perfeito
ou o que deveria ser escrito,
sei o quanto sou capaz de sonhar!
(FS 17/ 12/ 2008).


Um olhar que me atravessou
e palavras que me convenceram
Um beijo que me roubou
e sentimentos que me invadiram

Se a porta se abre, não é você
É apenas o vento a me avisar
que este murmúrio é do outono
e não das suas declarações

Sussurros e ruídos, que não são seus
Não são seus passos ao meu encontro
Nem são suas roupas roçando as minhas
Tampouco sua barba em minha pele

Canções que não são as suas
me fazem percorrer no tempo
ouvir sua voz e o silêncio do seu olhar

O trote dos cavalos me engana, engana...
meus ouvidos acostumados às batidas do seu peito
meu coração a pulsar sincronizado ao seu
meu olfato que busca incessantemente pelo seu perfume
e o frio das minhas mãos não aquecidas... estão esquecidas
estão abandonadas e estão sozinhas! E tão vazias!

E o que resta são vestígios deixados por você
vestígios de uma ferida, e lembranças de um sonho!
(FS 20/ 01/ 2009).



Fran Sanchez.

Pares de meias.

São pares iguais
Tão iguais que até mesmo se confundem
Dois seres bem semelhantes
Mas opostos
Andam sempre juntos
Separados pela distância dos pés
São iguais sendo diferentes
Pois cada um só entra em um pé
Afinal um é direito
E o outro esquerdo
Mas ainda sim um par
Unido pelas semelhanças e diferenças

Assim são os pares de meias.